12 milhões de euros gastos num projeto que "não resultou"
"A iniciativa, tal como foi pensada, não resultou. A vida das pessoas não mudou. O programa inicial nada tinha a ver com obras. Pretendia intervir no desemprego, na pobreza, na degradação do espaço social e urbano. Estávamos a falar das pessoas e acabamos a falar de obras", assegurou Vítor Reis, presidente do IHRU, em declarações à Lusa.
No total, foram gastos "12 milhões de euros nos bairros do Lagarteiro, Cova da Moura e Vale da Amoreira" no âmbito de um programa que "andou seis anos e meio a patinar" e que "desde há dois anos estava moribundo".
Desta verba, 8,8 milhões de euros vieram de fundos da EFTA. Os restantes 3,2 milhões foram "dotações do IHRU, relativas a custos com pessoal, de funcionamento e financiamento de algumas operações, e do Prohabita"
"Encontrei um cadáver. Alguma coisa se passou para que me tenha confrontado com esta realidade, com as verbas todas esgotadas", observou o presidente, há dois meses no cargo.
Para o Vítor Reis, "o mais chocante" da experiência Bairros Críticos é que ela foi criada com o intuito de ser replicada, mas "não é disseminável".
Na sua opinião, "o que devia ter sido feito era criar condições para outras autarquias replicarem a iniciativa".
Alertando que a iniciativa "Bairros Críticos", criada em 2005, pretendia "mudar a vida das pessoas", o presidente do IHRU garantiu que "não há resultados".
"O projeto Bairros Críticos não era um problema de obras. Isso é [do departamento] do programa Prohabita. No fundo, quando perceberam que não tinham feito nada [o Governo anterior], meteram-se a fazer obras", criticou o presidente do IHRU.
Criado através de uma resolução do Conselho de Ministros de 2005, o projeto Bairros Críticos pretendia estimular e testar soluções institucionais, procedimentais e tecnológicas inovadoras em termos da conceção, implementação e avaliação da ação pública em áreas urbanas críticas", devendo "a experiência recolhida" ser "levada em consideração na política de cidades que se pretende executar", escreve-se no documento publicado em Diário da República.